segunda-feira, dezembro 11, 2006



Os vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e filhas da nostalgia da vida por si mesma. Eles vêm por meio de vós, mas não de vós, e, apesar de estarem convosco, não vos pertencem. Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não as vossas idéias, pois eles possuem as suas próprias idéias. Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas, pois as suas almas habitam nas moradas do amanhã que nem nos vossos sonhos podeis visitar. Podeis esforçar-vos para vos tornardes como eles, mas não procureis torná-los como vós. Pois a vida não vive no passado nem no ontem se detém. Vós sois os arcos de onde, como flechas vivas, os vossos filhos serão lançados. O arqueiro vê a presa no percurso do infinito e dispara com toda a força para que as suas flechas partam ligeiras e cheguem longe. Que a vossa inflexão na mão do arqueiro se destine à alegria; pois tal como ele ama a flecha que voa, também ama o arco que é estável.


“O Profeta” de Kalil Gibran

quinta-feira, dezembro 07, 2006

"MAYDAY MAYDAY" - Intervenção Precoce

Inquietações Pedagógicas
"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…” Jorge de Sena in Metamorfoses



"MAYDAY MAYDAY" - Intervenção Precoce
Joaquim Bairrão*

Como todos sabem “MAYDAY” é um sinal de socorro internacional que se acciona numa situação de perigo eminente. Dado o que vem acontecendo entre nós à educação especial e à Intervenção Precoce (IP) em particular, justifica-se, pois, um sinal de alerta sobretudo para os perigos que esta corre. Este sinal de alerta é extensivo a toda a dita Educação Especial (EE), mas neste curto espaço e neste momento só à Intervenção Precoce nos referiremos tal o seu valor paradigmático.Como toda a gente do ofício sabe, a Intervenção Precoce é uma abordagem multidisciplinar em educação especial, geralmente um conjunto de recursos para crianças em risco ou “risco já adquirido” (biológico, social, ou compósito), que abarca a população entre os zero e os 5/6 anos. Tal modalidade preventiva em EE, pode revestir várias modalidades de intervenção nomeadamente, nos contextos familiares, pré-escolares (creche e jardim de infância) ou noutros locais de guarda ou cuidados onde tais crianças se encontram. É pois uma definição que implica três conceitos fundamentais de prevenção – a primária (evitar que as dificuldades ocorram), a secundária (melhorar as dificuldades das crianças com vista à sua eliminação) e terciária (melhorar e não permitir o agravamento das dificuldades das crianças com necessidades educativas especiais já adquiridas) levando a que melhorias na pessoa e no meio ambiente proporcionem uma melhoria concomitante da qualidade de vida. Aliás, há muito que alguns países após o Warnock Report de 1978[1] substituíram o termo educação especial por educação de crianças com necessidades educativas especiais. Voltemos à Intervenção Precoce. Portugal tivera uma primeira tentativa de intervenção nas primeiras idades para crianças cegas nos anos 60, a nível nacional, o que levou a que à data fosse considerado pioneiro. Essa experiência termina no tempo do Ministro Rebelo de Sousa e é transformada num serviço bastante diferente e só para os Distritos de Lisboa e Porto. Sem fazer um longo historial da Intervenção Precoce em Portugal, importa referir que esta surge por volta dos anos 80[2], primeiro em Lisboa e depois em Coimbra, com serviços de Intervenção Precoce que poderemos reputar como de alta qualidade.Assim, como referimos noutro contexto, graças a circunstâncias que seria ocioso citar (internacionalização dos contactos com as Mecas da Intervenção Precoce, troca de cientistas, estágios no estrangeiro, parcerias com Universidades, etc.), por volta dos finais dos anos 80 e sobretudo nos anos 90 temos entre nós um modelo de Intervenção Precoce bastante razoável e sem os habituais enviesamentos da Educação em Portugal. As Agências Internacionais e outras organizações admitiram como muito aceitáveis as referidas iniciativas de Intervenção Precoce que em Portugal estavam, então, a ocorrer.Mais tarde, em 1999, surge o Despacho Conjunto 891/99, dos Ministérios da Educação, da Saúde, do Trabalho e Segurança Social, ditando “Orientações Reguladoras” para a IP, tratando-se de um documento aceitável, não obstante a necessidade de uma melhor adaptação à realidade do país. A título meramente de exemplo, recordamos a afirmação de Simeonsson, Björk Akesson, Bairrão et Al. (2006) de que “todas as crianças em risco devem ter acesso à IP, isto é, crianças em risco (biológico ou social) e com alterações adquiridas”. Ora este documento não tem tal aspecto de acção tão geral, como os autores o referem.O Diploma Português[3] destina-se predominantemente a “crianças com deficiência” ou a crianças com “risco de atraso grave do desenvolvimento”. Porém, esta última categoria contem em si um paradoxo, pois, se de risco se trata e, não ainda de atraso do desenvolvimento, será difícil prever “a priori” se o atraso vai ser ou não grave. Tirando essa lacuna, o documento é aceitável embora esperemos que o Grupo Interdepartamental nos dê outro retrato mais actual da I.P. e que contribua para que entre nós se caminhe para uma legislação como internacionalmente se recomenda. E volto a citar os referidos autores: “A importância da intervenção e inclusão precoces para crianças em risco de atrasos no desenvolvimento ou com incapacidades foi avançada na Declaração de Salamanca (1994) e na declaração “Education for All” das Nações Unidas”. Ninguém que aceite os convénios internacionais e que os assinou pode fazer de outro modo.Claro, convém dizer que os dois pólos dinamizadores iniciados nos anos 80 e seguintes, referidos anteriormente, não foram as únicas experiências de IP Estas foram e são indiscutivelmente de alta qualidade, mas outras foram acontecendo um pouco por todo o país, de melhor ou pior qualidade, a que noutros contextos já nos referimos.Mas, então, porquê este sinal de alarme do estado actual da IP entre nós? Na nossa prática de trabalho com técnicos de intervenção precoce no Porto, sobretudo com técnicos dos Apoios Educativos[4], verificámos que se tornava cada vez mais problemático, pelo menos na zona Norte do país, realizar uma I.P. tal como o Despacho Conjunto propunha, uma vez que quase cada um fazia a IP que lhe apetecia. O velho círculo de Simeonsson não era cumprido na triagem, na avaliação pluridisciplinar, na participação da família aos vários níveis do sistema; a formação contínua dos técnicos, a multidisciplinaridade de avaliação dos programas, a coordenação interserviços ou não existia ou não era uniforme. Essa análise também foi objecto de um estudo, promovido em 1997 pelo próprio ME, a nível nacional revelando exactamente este, repito, esquisso acima referido.A organização então existente e as regras organizativas eram irracionais e saídas de cabeças que talvez de IP nem as iniciais conhecessem: uma IP sem forte componente médica e de saúde, sem educadores com alta formação em educação especial (Mestrado, por exemplo, em I.P.), e em que a colaboração de outros técnicos, terapeutas (fala, fisioterapia e ocupacional), assistente social, psicólogo de educação, etc. era muito escassa e variável e a articulação entre as várias agências era praticamente inexistente.No entanto, como profissional das questões da Psicologia e da Educação com mais de 40 anos de experiência, constatávamos e continuamos a constatar, pelo menos no Grande Porto, não por culpa dos técnicos, mas de “ordens”, “regulamentos”, etc., que crianças mudavam de técnico por vezes no mesmo ano, técnicos que obtiveram ganhos preciosos com crianças eram substituídos por outros, por vezes sem experiência, enfim, ética e cientificamente, a I.P. apresenta razões de alarme para as crianças e famílias que cumpre reflectir conjuntamente e chamar à atenção os policymakers!Se bem me lembro, já o Decreto-lei n.º 891/99 tinha sido recentemente publicado em Diário da República e algumas esperanças ficaram, no entanto, de que a situação da IP pudesse melhorar caso o mesmo viesse a ser cumprido pelas entidades públicas.Mas os nossos receios estavam ainda para vir como diria H.G. Wells na sua Guerra dos Mundos. Recentemente, fiquei estupefacto, quando, certo dia, tomo conhecimento do documento de um tal Conselho Científico – Pedagógico de Formação Contínua[5] que apresentava duas terríficas decisões que passo a citar:“Na sequência dessa reunião, a Secção decidiu (reparem decidiu!):Proceder à revisão dos critérios de categorização dos domínios de especialização em educação especial;Adoptar para as novas propostas de cursos, a partir de 29 de Junho as categorizações seguintes, no âmbito das necessidades educativas especiais:· A71 – domínio cognitivo e motor· A72 – domínio emocional e de personalidade (?)· A73 – Domínio de audição e surdez· A74 – domínio de visão· A75 – Domínio de comunicação e linguagemPara não falar, por agora, nas vetustas concepções que o documento encerra, depreendi, não sei se bem se mal, que os técnicos que possuíam, por exemplo, Mestrado em Intervenção Precoce (válidos internacionalmente) não eram considerados no domínio da dita Educação Especial e, mais, a esses profissionais ficara-lhes vedada, no novo sistema de concursos para colocação dos docentes, a possibilidade de concorrerem e entrarem na carreira de educação especial.E, por sua vez, outros profissionais com especialização em educação especial contemplados no referido concurso não podiam trabalhar em Intervenção Precoce.Será que entendi? Deu-se uma cisma em Portugal entre Intervenção Precoce e Educação Especial?Portanto fiquei sem saber como, a partir de agora, se irá fazer precocemente a dita prevenção (primária, secundária ou terciária) das dificuldades das crianças. Será preciso deixá-las crescer e agravar essas dificuldades? Mais ainda, se o sistema de Educação Especial exclui o atendimento precoce, então, este passa a ser um sistema amputado de uma das suas principais valências - a educação especial precoce feita por técnicos habilitados para isso, como mandam os critérios internacionais.Seria que o Guralnick, presidente da International Society for Early Intervention, numa noite mal dormida ditara ao mundo tal recomendação? Escrever ao Rune Simeonsson ou R. McWilliam e a outros sábios da IP para saber se tinham mudado as regras? Tal não acontecera, claro. Mas, entre nós tudo é possível.Estão hoje demonstradas, a nível das neurociências, as perigosas consequências da ausência de IP no posterior desenvolvimento das crianças e que tal ausência pode tornar irreversíveis certas alterações. Quando já se fala em Intervenção precocíssima in utero na prevenção das dificuldades e doenças futuras que poderão afectar os seres humanos, será possível que o apoio precoce dos 0 aos 5 anos tal como sugerem as convenções internacionais se torne tão difícil entre nós? Será que voltamos ao tempo da não IP e que seja o próprio ME, que aliás tanto lutara por ela, que agora a coarcta? Por isso, termino repetindo MAYDAY MAYDAY.


*Professor Emérito da Universidade do Porto[1] DES (Department of Education and Science) (1978) Warnock Committee Report (London, HMSO)[2] As instituições pioneiras em Intervenção Precoce foram nomeadamente a Direcção de Serviços de Intervenção Psicológica do então Ministério do Trabalho e Segurança Social e em Coimbra a equipa que imanada do Hospital Pediátrico de Coimbra, actual PIIP de Coimbra, que desenvolveram serviços de qualidade e dentro das normas internacionais para a Intervenção Precoce. Hoje felizmente o PIIP continua a desenvolver importantes acções no domínio da I.P. e a defender o seu modelo, menos sorte teve a DSOIP, que já com outro nome e “descendo de divisão” (termo futebolístico), o CEACF (Centro de Estudos e Apoio à Criança e à Família) foi desmantelado em 2006. Resistiu largos anos mas os pioneiros também se abatem![3] Despacho Conjunto nº 891/99, de 19 de Outubro, diz: “no domínio da intervenção precoce para crianças com deficiência ou em risco de atraso grave de desenvolvimento” (o sublinhado é nosso)[4] O que lhes aconteceu? Realizou-se alguma avaliação científica rigorosa que levou à sua extinção ou transformação?

Publicado no Jornal de Letras - Educação

quarta-feira, novembro 22, 2006

Ser Feliz

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.· E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

dia Universal da Criança- 20 de Novembro

No dia 20 de Novembro, do ano de 1989, a Organização das Nações Unidas adoptou por unanimidade a Convenção sobre os Direitos da Criança.
É um documento que enuncia um vasto conjunto de direitos fundamentais – os direitos civis e políticos, e também os direitos económicos, sociais e culturais – de todas as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicados.


sei que já passaram dois dias, mas celebremos à mesma este dia tão importante, para as crianças

terça-feira, outubro 31, 2006

Quando as mães não deixam os filhos voarem



Quando as mães superprotegem os filhos, impedem que estes desenvolvam os meios necessários para se manterem sobre as suas próprias pernas.
Sendo assim é natural, que desta forma, os filhos irão ter dificuldades em abandonar o ninho e voar, voar bem alto…
Porque há mães que carregam os filhos ao colo, e não os deixam andar pelos seus próprios pés e estes ficam dependentes, sem autonomia…sem tantas aprendizagens…
Normalmente, estes pais que querem os filhos perto deles, são pais inseguros, que precisam dos filhos para darem sentido às suas vidas vazias e pobres….

Tudo isto em nome de um amor…

quinta-feira, outubro 26, 2006

sinais de alarme

Do nascimento aos 3 meses o bébé passa a maior parte do tempo a dormir, aprende a levantar a cabeça e depois a mantê-la direita, aprende a fixar um rosto, a seguir com os olhos um objecto e a sorrir, descobre através da visão o mundo que a rodeia, reage ao barulho, reconhece a mãe (pela visão, mas sobretudo pelo cheiro, pela voz e talvez por outras percepções sensoriais difíceis de definir), agarra involuntariamente na mão um objecto lá colocado, palra espontaneamente e em resposta.

Aos 3 meses o nunca segurar a cabeça, ter os membros sempre tensos, as mãos sempre fechadas, não fixar nem seguir com o olhar um objecto a um palmo, sobressaltar-se ao menor ruído, não sorrir ou chorar e tremer quando se lhe toca, devem ser considerados como sinais de alarme. Dos 3 aos 6 meses vai segurar bem a cabeça e vai conseguir manter-se sentado desde que apoiado, começa a agarrar voluntariamente um objecto que esteja ao alcance das mãos e estende-as para objectos que lhe sejam apresentados levando-os à boca, procura alargar o seu campo de visão apoiando-se nos antebraços e depois nas mãos se estiver de barriga para baixo ou levantando a cabeça e ombros quando está de costas, "dobra" o riso e dá gritos de alegria quando se brinca com ele.

Sinais de alarme aos 6 meses: não segurar a cabeça, membros inferiores rígidos, não olhar nem agarrar os objectos, presença de estrabismo, não galrear nem reagir ao sons, desinteresse pelo ambiente, irritável quando se lhe toca.

Dos 6 aos 9 meses aguenta-se sentado sozinho durante algum tempo, deitado de costas vira-se para se pôr de barriga para baixo, é capaz de rastejar para alcançar um objecto ou uma pessoa, começa a ficar de pé se o segurarmos, passa um objecto de uma mão para a outra e consegue agarrar um objecto em cada mão, consegue também agarrar objectos pequenos entre o polegar e o indicador, leva tudo à boca, diverte-se a atirar as coisas para o chão, vocaliza várias sílabas sem significado verbal, começa a fazer "gracinhas" (palminhas, adeus, esconde o rosto), reconhece os rostos familiares e pode ter medo dos estranhos.

Sinais de alarme aos 9 meses: não se senta, mantém-se sentado e imóvel sem mudar de posição, não leva os objectos à boca, estrabismo, não reage a sons , vocaliza de forma monótona ou não vocaliza, não imita, apático.

Dos 9 aos 12 meses é capaz de se pôr de pé sozinho e de andar com ajuda, gatinha, explora o mundo com grande interesse, quer ver tudo, mexer em tudo, procura o objecto que viu esconder, dá pelo nome, compreende uma ordens simples, aprende a pronunciar 2 ou 3 palavras e colabora muito nas brincadeiras com os adultos.

Sinais de alarme aos 12 meses: não se põe nem se mantém de pé, não se desloca, não pega nos brinquedos ou fá-lo só com uma mão, não responde a sons, desinteresse pelo ambiente.

Dos 12 aos 18 meses a criança anda sozinha e explora a casa e os "arredores", consegue fazer uma torre com 2 ou 3 cubos, olha um livro de bonecos e volta várias páginas de cada vez, pode pronunciar 5 a 10 palavras e compreende muito mais, manifesta ciúme (gestos de cólera e reacções de rivalidade ao brincar com os irmãos mais velhos).

Sinais de alarme aos 18 meses: não se põe de pé, anda sempre em bicos de pé, ainda se baba ou leva tudo à boca ou atira tudo ao chão, não responde quando o chamam , não vocaliza espontaneamente, não se interessa pelo ambiente.

Dos 18 meses aos 2 anos corre, sobe e desce degraus com os dois pés no mesmo degrau, dá pontapés, faz uma torre com 6 cubos, é capaz de indicar os olhos, o nariz, os sapatos, associa 2 palavras e enriquece o vocabulário, aprende a comer sozinha, começa a ser asseada durante o dia, imita os adultos e manifesta um interesse crescente pelas outras crianças procurando brincar com elas, mas de forma muito pessoal (tira-lhes os brinquedos, por exemplo).

Aos 2 anos devem ser considerados como sinais de alarme o não andar, deitar os objectos fora, parecer não compreender o que se lhe diz, não se interessar pelo que o rodeia, não imitar.

Dos 2 aos 3 anos a criança aprende a saltar, a trepar e pode andar em pé coxinho, consegue pôr 3 cubos "em ponte", desenvolve muito a linguagem, começa a fazer perguntas, compreende a maior parte do que lhe dizem e começa a brincar verdadeiramente com as outras crianças, percebendo que há um mundo para além do círculo familiar.

Dos 3 aos 4 anos passeia sozinha, é capaz de andar em bicos dos pés, aprende a vestir-se e despir-se sozinha, geralmente já não molha a cama à noite, reconhece 2 a 3 cores, fala de forma compreensível, mas uma linguagem de tipo infantil, sabe o nome, o sexo, a idade e muitas vezes a morada, faz muitas perguntas, gosta de ouvir histórias, brinca com as outras crianças e começa a ser capaz de partilhar, manifesta afecto pelos irmãos mais novos e é capaz de executar tarefas simples.

Dos 4 aos 5 anos atira-se salta, balança-se, sobe e desce escadas alternadamente, desenha a figura humana (cabeça, tronco e membros), fala com clareza, sabe contar os dedos, sabe os dias da semana, consegue reproduzir parte das histórias que ouve, continua a fazer muitas perguntas, protesta energicamente quando contrariada, pode reconhecer 4 cores, pode reconhecer o tamanho, a forma o grande e o pequeno, interessa-se pelas actividades dos adultos.
Nesta idade, uma linguagem incompreensível, problemas de comportamento, hiperactividade, dificuldade de concentração, estrabismo ou suspeita de défice visual, devem ser considerados sinais de alarme.

Dos 5 aos 6 anos a criança sabe trepar às árvores, dançar ao som da música, fala correctamente perdendo a linguagem infantil, começa a distinguir a direita e a esquerda, ontem e amanhã, pergunta o significado de palavras abstractas, interessa-se pelas actividades da casa e do bairro, pela idade das pessoas, destingue os sabores, inventa jogos e muda-lhes as regras enquanto joga, detesta a autoridade imposta executando com lentidão as ordens, demonstra interesse por trabalhos simples.

Este texto foi retirado do site: www.mni.pt

segunda-feira, outubro 23, 2006

APAV

Fonte: http://www.apav.pt/home.html

Lembre-se que o silêncio não ajuda, que ele é, muitas vezes, cúmplice dos actos violentos.

Se presenciar, suspeitar, ou for vitima de alguma situação de desrespeito pelos direitos humanos, não hesite, contacte o gabinete de apoio à vitima mais perto de si, ou ligue o número único 707 20 00 77



Serviços centrais de Sede
Rua do Comércio, 56 - 5º
1100 - 150 LISBOA
telf.: 21 885 40 90

fax : 21 887 63 51

apav.sede@apav.pt
dias úteis:10H00 -13H00 / 14H00 - 18H00

Encontro Ser Bebé-

Vai decorrer nos próximos doas 27 e 28 de Outubro, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, em Lisboa.
Associação Ser Bebé- Associação Portuguesa para a Saúde Mental da Primeira InfÂncia- serbebe.assciacao@yahoo.pt

quarta-feira, outubro 18, 2006

definição de alguns conceitos

INTERVENÇÃO PRECOCE – Entende-se por IP um conjunto de intervenções,
dirigidas à população infantil dos 0-6 anos, à família e ao ambiente, tendo como
objectivo dar resposta o mais precocemente às necessidades transitórias ou
permanentes que apresentam as crianças com problemas de desenvolvimento ou em
situação de risco. Estas intervenções devem considerar a globalidade da criança
sendo planificadas por uma equipa de profissionais de orientação interdisciplinar ou
transdisciplinar (Libro Blanco de la Atención Temprana cit. por Boavida, 2003)

NECESSIDADES ESPECIAIS – Termo que designa as crianças que podem ser
consideradas como tendo necessidades educativas especiais, sobredotação ou em
risco de desenvolver problemas (Correia e Martins, 2002).

NECESSIDADES DA FAMÍLIA – Aspirações, objectivos, projectos pessoais que agemcomo um conjunto de forças que afectam o comportamento dos diferentes membros da família e podem ser geradas por acontecimentos e circunstâncias quer de dentro
quer de fora da família (Dunst et al., 1994).

FORÇAS DA FAMÍLIA – Conhecimentos, capacidades e aptidões da unidade familiar e
de cada um dos seus membros usados para identificar as necessidades e para a
obtenção dos recursos e apoios necessários que respondam às necessidades da
família (Dunst et al., 1994).

PRIORIDADES DA FAMÍLIA – Escolhas e desejos da família de como quer que a IP
seja incluída na sua vida (McGonigel et al., 1991).

RECURSOS DA FAMÍLIA – Forças, habilidades e apoios formais e informais que
podem ser mobilizados para satisfazer as necessidades, preocupações ou resultados
da família (McGonigel et al., 1991).

REDE DE APOIO SOCIAL – Pessoas ou instituições com quem a família e os seus
membros têm contacto, quer directa, quer indirectamente, representando uma fonte
primária de apoio para as famílias e para os membros individuais (Dunst e Trivette
1990, cit. por Chowdhury et al, 1996).
CAPACITAR – Criar oportunidades para que todos os membros da família possam
demonstrar e adquirir competências que consolidem o funcionamento familiar (Dunst
et al., 1988).

CORRESPONSABILIZAR
– significa criar oportunidades para que todos os membros
da família possam demonstrar e adquirir competências que consolidem o
funcionamento familiar (Dunst et al., 1988).

PLANO INDIVIDUALIZADO DE APOIO À FAMÍLIA (P.I.A.F.) – Constitui a
interacção, colaboração e parceria entre pais e profissionais, focando-se e centrandosena família. Resulta num documento escrito descrevendo serviços a prestar, bemcomo a sua coordenação. Este plano faz uma listagem de objectivos individualizados
para as famílias e seus filhos/as (< 3 anos), cuja concretização depende do contributo e múltiplas instituições. O P.I.A.F. reconhece que as famílias são fundamentais para o sucesso da IP com os seus filhos/as” (Federal Register, 1989).

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CENTRADOS NA FAMÍLIA – corresponde a um
conjunto de diferentes disciplinas e instituições que reconhecem a importância
fulcral da família na vida dos indivíduos, orienta-se por um conjunto de escolhas
devidamente informadas feitas pela família e foca-se nos seus pontos fortes e nas
suas capacidades (Allen & Petr, 1996).

os elementos chave do apoio centrado na família

Os elementos chave do apoio centrado na família são de acordo com Edelman, Elsayed & McGonigel, 1992:


• Reconhecer que a família é uma constante;

• Facilitar a colaboração pais / técnicos em todos os níveis do apoio;

• Honrar a diversidade das famílias;

• Reconhecer as forças e a individualidade da família;

• Respeitar métodos diferentes de lidar com as situações;

• Partilhar com os pais, numa base contínua e suportiva, a informação completa e imparcial;

• Encorajar e facilitar o suporte família a família;

• Compreender e incorporar as necessidades do desenvolvimento das crianças;

• Implementar políticas e programas abrangentes;

• Criar sistemas de prestação de serviços acessíveis.


“A intervenção precoce por definição é intrusiva – fornece aquilo que a família pode ou não querer.

segunda-feira, outubro 16, 2006

saco de brinquedos...

Para certos profissionais, deixar o “ saco dos brinquedos” no carro será difícil. Mas há tanto para fazer com as famílias. Saber como está a família, como correram as coisas, as suas preocupações, as suas dúvidas, prioridades, expectativas, análise das rotinas diárias, e das dificuldades e oportunidades que elas apontam…

Robin McWilliam

Os Cinco Elementos Chave da Prestação de Serviço em Ambientes Naturais

De acordo com Robin McWilliam os cinco elementos são:


Compreensão da ecologia da família,
Avaliação baseada nas rotinas,
Existência de responsável de caso,
Visitas domiciliárias baseadas no apoio,
Colaboração / consultadoria com a creche / infantário.

Os quatro princípios de modelo são:
Saber quem tem influência em quê,
Saber como as crianças pequenas aprendem,
Ter a noção de que toda a intervenção ocorre entre visitas,
E ter consciência de que a criança necessita da máxima intervenção e não de máximos serviços.


De acordo com o Prof. Robin McWilliam, Intervenção é o que a criança recebe e Serviços que os pais ou prestadores de cuidados recebem.

A investigação deixa claro o seguinte:

-Os profissionais têm pouca influência na evolução da criança e muita na melhoria da competência e confiança dos pais/prestadores de cuidados. Estes, por sua vez, têm muita influência na promoção do desenvolvimento da criança.

-Na criança pequena, a aprendizagem faz-se por repetidas interacções com o ambiente, dispersas ao longo do tempo e não por repetições “maciças” em pouco tempo. Estes dados da investigação contrariam práticas frequentemente utilizadas por terapeutas e profissionais do ensino especial.

-A visita domiciliária actua essencialmente na família. Esta por sua vez melhora as suas interacções com a criança e aumenta as oportunidades de aprendizagem. Estes são os factos que levam à aprendizagem da criança e ocorrem entre visitas dos técnicos.

Relativamente à Planificação Funcional da Intervenção, há que ter em conta o seguinte:

É necessária uma estrutura que permita à família ter um papel significativo na planificação,
É necessário enfatizar que a intervenção é centrada na família,
É necessário ter uma lista de objectivos funcionais,
É necessário dar um “pontapé-de-saída” positivo nas relações,
As famílias devem relatar as suas rotinas diárias em primeiro lugar. Só depois o devem fazer os profissionais,
Os profissionais questionam e fornecem informação durante a discussão das rotinas
O responsável de caso deve fornecer visitas domiciliárias semanais para ajudar a família a implementar intervenções recomendadas por profissionais de diferentes disciplinas.
Os outros elementos da equipa devem fazer visitas domiciliárias com o responsável de caso, em casos pontuais e de acordo com as necessidades da famílias.
No apoio prestado em sala de creche/jardim de infância, os serviços terapêuticos ou educativos devem ser individualizados e inserir-se nas rotinas e nas actividades de grupo.
Os serviços “um-para-um”, a retirada individual da criança da sala ou em pequenos grupos não têm maior eficácia do que os serviços integrados.
Nos serviços integrados na sala de Jardim de Infância não esquecer de:
Comunicar com a Educadora da Sala sobre expectativas
Estabelecer regras
Ser humilde
Independentemente do modelo, comunicar
Usar avaliação baseada nas rotinas como forma de estabelecer objectivos
Usar “consultadoria colaborativa” e não proceder como “Expert”.

terça-feira, setembro 12, 2006

para reflectir...

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis

domingo, setembro 10, 2006

Por caminhos pouco percorridos



Realizar visitas domiciliárias no Alentejo é uma vivência única, com contrapartidas positivas e negativas, tal como todas as visitas domiciliárias, mas com especificidades que são únicas, que só se vivem nesta região.


Nestes meses de Verão, os campos amarelos, queimados pelo sol, e o calor abrasador que se faz sentir, deixam-nos encadeados com a luz plena de um céu sem nuvens, e inertes mentalmente, com pouca disponibilidade para pensar e resolver problemas, pois passamos os dias a queixar-nos do calor que se faz sentir. Mas se o pensar custa mais quando os 40 graus nos fervilham a pele, a vista não pode deixar de ficar deslumbrada com os campos que nos rodeiam, com as oliveiras e as vinhas a perder de vista, os montes isolados, mas com uma luz alva que nos seduz, as cegonhas majestosas nos céus e tantas outras belezas naturais.


E são estas belezas naturais que diariamente nos vão entretendo nos caminhos que percorremos para chegar às familias.


Como é o caso deste pequeno tornado que nos deslumbrou para os lados de S. Marcos do Campo.



sexta-feira, setembro 01, 2006

“A intervenção Precoce foi a melhor coisa que entrou na minha casa. Estou muito grata por tudo”


Quando se ouve esta forma de agradecimento tão profundo e tão sincero …faz-se silêncio nos nossos corações e pensa-se… por isto tudo vale a pena… o nosso trabalho, o nosso esforço, a nossa dedicação, a nossa entrega … por este agradecimento esquece-se as portas batidas na cara, as visitas que se fazem que, por vezes, são tão pouco desejadas pelas famílias…pelos sorrisos que se tornam frios.
Vale a pena acreditar que as famílias têm capacidades e competências, para saberem lidar com várias adversidades que surgem ao longo das suas vidas...

Benvindo à Holanda!!


Este texto é dedicado aos pais que estão a descobrir a Holanda

"Histórias para aquecer o coração de mães" de Emily Perl Kingsley:


"Muitas vezes me pedem para contar como criamos uma criança especial, para ajudar as pessoas que não tem essa experiência única a entendê-la. A comparação que sempre me ocorre é a seguinte: esperar um bebé é como planejar a fantástica viagem com que você sempre sonhou para Itália. Você compra um monte de guias e faz planos maravilhosos. O Coliseu. O David de Michelangelo. As gôndolas em Veneza. Você pode aprender frases úteis em italiano. Tudo é uma festa. Depois de meses de expectativa, finalmente chega o dia da viagem. Você entra no avião e algumas horas depois a hospedeira diz: Bem vinda à Holanda. Holanda?! Como assim, Holanda? Você se espanta. Meu voo era para Itália, sonhei a vida inteira em ir para Itália! Mas houve uma mudança no plano de voo. Aterraram na Holanda e este é seu destino agora. O importante é que não te levaram a um lugar horrível e desagradável, cheio de epidemias, fome e doença. É só um lugar diferente. Então você tem que sair e comprar novos guias. E aprender uma língua nova. E conhecer pessoas que você jamais teria conhecido. O ritmo é mais lento que o da Itália; a luz menos brilhante. Mas depois de estar lá por algum tempo toma fôlego, olha em volta... e começa a notar que a Holanda tem moinhos... e a Holanda tem tulipas. A Holanda tem até Rembrandts.Mas todo mundo que você conhece foi e voltou da Itália contando maravilhas do tempo passada lá. Pelo resto da vida você dirá: Era para lá que eu deveria ter ido. Era isso que eu tinha planejado. E a dor do seu coração nunca, nunca mesmo, irá embora completamente... porque, afinal, a perda desse sonho é muito significativa. Mas se você passar a vida inteira lamentando o fato de não ter ido a Itália, talvez não possa descobrir e aproveitar o que existe de tão especial em todas as coisas adoráveis que há na Holanda".

segunda-feira, agosto 28, 2006

uma pequena história...

Cada família pode contar a sua história sobre as suas experiências, algumas anseiam para o fazer, outras nem tanto. Entre essas histórias encontram-se inúmeros testemunhos de raiva e de dor, mas com o passar do tempo e do trabalho que se vai desenvolvendo essa dor e raiva dão lugar a sorrisos e pequenas felicidades.

Mas a relação entre a família e o profissional, no princípio é algo estranho, porque os pais não se sentem à vontade para dar informações sobre si mesmos e sobre as crianças. Precisam de conhecer as pessoas com as quais estão a falar, quais os serviços oferecidos, de que modo esses serviços podem beneficiar as suas crianças e outros membros da família e qual a abordagem utilizada.

Depois de ultrapassada esta barreira, ou seja, à medida que a relação entre a família e o profissional se desenvolve há um maior conhecimento sobre as famílias, e estas começam a confiar em nós e nos nossos serviços, e partilham mais informações pessoais e confidenciais que nos ajuda a construir a história da família. É um processo em que a relação de confiança, sem a qual não é possível trabalhar, leva algum tempo a desenvolver-se.

Por exemplo, uma mãe um dia perguntou-me se eu lhe ia retirar o seu filho! Que só pensava nisso todo o dia, a toda a hora, porque achava estranho o número de vezes que ia à sua casa. Expliquei que o nosso objectivo era ajuda-lá a ter capacidades para cuidar do seu filho, promovendo competências parentais. Quando entendeu qual era o meu trabalho ficou tranquilizada e respondeu-me “Assim já não tenho medo”, com um lindo sorriso estampado no seu rosto. Senti que a partir daquele momento tínhamos estabelecido uma relação empática e que todo o trabalho a efectuar teria mais hipóteses de ser produtivo.


Helena Augusto

sexta-feira, agosto 25, 2006

Direitos da familia



• O direito de sentir emoções intensas.
• O direito de procurar outra opinião.
• O direito de continuar a tentar.
• O direito de desistir.
• O direito à privacidade.
• O direito de ser uma família.
• O direito de não ser entusiasta.
• O direito de se sentir cansada da criança.
• O direito de ter tempo livre.
• O direito a ser quem melhor conhece a criança.
• O direito de estabelecer os limites.
• O direito à dignidade.

Raver & Kilgo, 1991

“A intervenção precoce é certamente algo que a família não esperava na sua vida.” (Able-Boone, 1996)

História e Filosofia do PIPREM



O nosso projecto foi implementado em 2004, sendo inicialmente acompanhadas 43 crianças no concelho de Reguengos de Monsaraz e 19 crianças no concelho de Mourão, o que perfez um total de 62 crianças.

No ano de 2005 foram acompanhadas 65 crianças/família, sendo 44 crianças do concelho de Reguengos de Monsaraz e 21 do concelho de Mourão.

Actualmente, a Intervenção Precoce (I. P.) acompanha 97 crianças, sendo 67 do concelho de Reguengos de Monsaraz e 30 do concelho de Mourão.

Como se pode verificar ao longo destes três anos o número de crianças/ famílias acompanhadas pela I.P. tem vindo a aumentar, o que relacionamos com o facto da comunidade estar mais informada/sensibilizada sobre o serviço que prestamos.

O Projecto de Intervenção de Reguengos de Monsaraz e Núcleo de Mourão (PIPREM) apresenta os seguintes objectivos:

1. Criar condições facilitadoras do desenvolvimento global da criança, minimizando problemas das deficiências ou risco de atraso de desenvolvimento e prevenindo eventuais sequelas.

2. Optimizar as condições da interacções criança/família, mediante a informação sobre a problemática em causa, o reforço das respectivas capacidades e competências, designadamente na identificação e utilização dos seus recursos e da comunidade, e ainda de ajudar a família a organizar a sua dinâmica.

3. Envolver a comunidade no processo de intervenção, de forma contínua e articulada, optimizando os recursos existentes e as redes formais e informais de inter-ajuda.

A I.P. utiliza como principal estratégia interventiva uma abordagem centrada na família, que considera toda a família como unidade de intervenção. Este tipo de abordagem procura conhecer o sistema familiar, necessidades e características específicas de cada família, analisar as relações entre os seus elementos, procurando conhecer a sua rede social de apoio e promover o bem-estar de cada membro da família.

O objectivo crucial da abordagem centrada na família é melhorar o bem-estar de toda a família, desde minimizar o stress, manter ou melhorar os relacionamentos entre os vários membros da família e permitir que esta desenvolva tanto quanto possível um modo de vida “funcional”, reconhecendo os seus pontos fortes e dando resposta às suas necessidades e prioridades.

Segundo, Allen e Petr (1996):
a prestação de serviços centrados na família, através das diferentes disciplinas e instituições reconhece a importância fulcral da família nas vidas dos indivíduos. Orienta-se por um conjunto de escolhas devidamente informadas feitas pela família e foca-se nos pontos fortes e capacidades das famílias


Como podemos verificar, nesta definição estão presentes os princípios básicos da intervenção centrada na família, mais especificamente, a importância de ver a família como foco da prestação de serviços, o reconhecimento das forças da criança e da família e a priorização dos objectivos identificados pela família, respeitando as suas escolhas.

A experiência sugere que uma relação de colaboração entre pais e técnicos é um ingrediente essencial para as práticas verdadeiramente centradas na família, mas o processo de levar a cabo esse tipo de relação não é uma tarefa fácil. Num modelo centrado na família, os profissionais têm de assumir papéis e responsabilidades que tradicionalmente não faziam parte da sua profissão e de adquirir novas capacidades que lhes permitam fazer tal empreendimento. Os técnicos desempenham um importante papel na criação e manutenção das mudanças operadas na família, assumindo uma responsabilidade pessoal e uma oportunidade única para fazer uma diferença positiva em cada família com que trabalham. Reconhecer o papel dos pais como decisores no processo de intervenção, numa forma responsável às suas prioridades e necessidades, constitui a base das relações individualizadas entre pais e profissionais.

Ambas as partes têm contributos únicos para trazer para a verdadeira colaboração, o que pode ser benéfico não só para a criança em IP, como também para as próprias famílias e profissionais.

Os serviços de IP devem ser providenciados no contexto de relações suportivas entre o profissional e a família (Trout e Foley, 1989). O processo de desenvolvimento de relações positivas entre técnicos e famílias pode ser simultaneamente complexo e compensador, assumindo tal processo um papel central na IP. Desta forma, é reconhecido actualmente que o sucesso da intervenção está intimamente relacionado com a qualidade da relação família - técnico e que uma relação de colaboração pode melhorar o sentimento da família se sentir compreendida e apoiada. Isto, por sua vez, pode levar a mudanças nas interacções pais-criança e, consequentemente, no desenvolvimento da criança (Kalmansone Seligman, 1995). Escutar com atenção os pais, a forma como comunicam, irá facilitar a sua responsabilidade e comunicações com os seus filhos.

É neste contexto teórico, elaborado sobretudo a partir do Modelo Ecológico de Desenvolvimento Humano de Broffenbrenner e da Teoria Transaccional de Sameroff, que consideramos que o enfoque da Intervenção Precoce deverá ser apoiar as interacções entre os prestadores de cuidados e as crianças, bem como as interacções entre a criança e os seus contextos, de forma a promover da melhor forma o desenvolvimento da criança com deficiência ou cujo desenvolvimento se encontra em risco. Por outro lado, a investigação demonstra que a criança evidencia maiores progressos no seu desenvolvimento se a sua família estiver envolvida no seu plano de intervenção.

Assim, é evidente que num modelo de intervenção precoce centrado na família, os profissionais devem ter em conta todos os aspectos específicos da estrutura da família, dos padrões de interacção que se estabelecem entre os seus elementos e das funções que assumem, assim como o momento do ciclo de vida em que a família se encontra, para poder fortalecê-la e ajudá-la a enfrentar e resolver as suas dificuldades.

É esta a filosofia que guia a nossa prática diária.

O Trabalho em Intervenção Precoce



O que é?
A Intervenção Precoce (IP) é um serviço de apoio à criança e à família, realizado através de acções que visam a prevenção e a habilitação.

A quem se destina?
Crianças dos 0 aos 6 anos que apresentem deficiência ou risco de atraso grave do desenvolvimento, provenientes dos concelhos de Reguengos de Monsaraz e Mourão.

O que permite?
- Promover condições que facilitem o desenvolvimento da criança;
- Potenciar as relações familiares e a sua dinâmica;
- Reforçar a capacidade e a competência dos pais e da família;
- Identificar e utilizar de forma coordenada os recursos da comunidade.

______________________________
Da sinalização à intervenção
______________________________

Sinalização

A criança pode ser sinalizada por qualquer entidade (saúde, educação, segurança social,…) ou pessoa singular (familiar, amigo, vizinho).

A criança pode apresentar perturbações ao nível de uma ou mais áreas:
- Comportamento/Interacção
- Comunicação/Linguagem
- Motora
- Familiar
- Cognitiva
- Emocional
- Autonomia
…entre outras…

E inicia-se o nosso trabalho…

As sinalizações são apresentadas em reunião de Equipa Directa, sendo aqui decidido quais os técnicos que efectuam o primeiro contacto. O primeiro contacto consiste numa visita domiciliária. Na visita domiciliária são avaliadas as necessidades da família e as dificuldades apresentadas pela criança.

Consoante as necessidades e as dificuldades apresentadas é planeada a intervenção:

- São definidos os objectivos da Intervenção;
- São nomeados os técnicos necessários para intervenção;
- É nomeado o Responsável de Caso.

O Responsável de Caso garante a articulação dos apoios a prestar e é responsável pela implementação do plano individual de intervenção.

São suas funções:
• Actuar no domicílio e no contexto em que a criança está inserida, nomeadamente ama creches, jardins-de-infância ou outro local indicado pela família;
• Realizar os contactos com a família;
• Realizar reuniões com outros técnicos;
• Organizar e actualizar os processos;
• Elaborar o plano de intervenção global;
• Elaborar o relatório final;
• Partilhar de forma sistémica, os conhecimentos dos diferentes elementos da equipa.

_______________________________________________________
O nosso desejo é que quando a criança entre no 1º ciclo, tanto ela como a família, esteja o mais habilitada possível, e que o futuro ofereça horizontes risonhos.
_______________________________________________________

Quem somos?

•Prof. Fernando Quintas, Coordenador
•Helena Augusto, Técnica de serviço social
•Carla Ferro, Psicóloga
•Joana Carrapatoso, Fisioterapeuta
•Vânia Pereira Branco, Psicóloga
•Marília Lourenço, Enfermeira
•Ana Balixa, Educadora
•Rosa Ramalho, Educadora
•Carolina Eufigénio, Educadora
•Fernanda Ramalho , Educadora


Onde moramos?

Morada:
Av. Dr. António José de Almeida, 14, Ap. 61 7200-372 Reguengos de Monsaraz

Telefone:
266 509 190
969 176 090