sexta-feira, junho 05, 2009

Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual
Vacila ante a interrogação gravada em mim, impressa no ar.

Bola, bombons, patinação talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas, louvores, prêmios, complacências,

milhões de coisas desejadas, concedidas sem reticências?
Liberdade alheia a limites, perdão de erros, sem julgamento,

e dizer-lhe que estamos quites, conforme a lei do esquecimento?
Submeter-se à sua vontade sem ponderar, sem discutir?

Dar-lhe tudo aquilo que há de entontecer um grão-vizir?
E se depois de tanto mimo que o atraia, ele se sente pobre,

sem paz e sem arrimo, alma vazia, amargamente?
Não é feliz. Mas que fazer para consolo desta criança?

Como em seu íntimo acender uma fagulha de confiança?
Eis que acode meu coração e oferece, como uma flor,

a doçura desta lição: dar a meu filho meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza, vence o tédio,

ilumina o dia e instaura em nossa natureza a imperecível alegria.

Carlos Drummond de Andrade

Lá Em Casa Mandam Eles?

Como Lidar Com as Birras, a Oposição e o Desafio de Vera Ramalho
Editor: Psiquilibrios

Com que frequência podemos esperar que as crianças obedeçam aos pedidos ou ordens dos pais?
Quais são os factores dos pais, das crianças e do meio que os envolve que tornam a obediência mais ou menos provável? Existem factores que influenciam a obediência?
Estas perguntas são muitas vezes feitas pelos pais e surgem com mais frequência quando as dificuldades em controlar o comportamento da criança se torna algo constante. Lá em casa mandam eles? tem como primeiro objectivo ajudar os pais a compreender como a desobediência, as birras e outros problemas de comportamento podem estar a ser mantidos e, mais importante, que as práticas parentais positivas são a chave para facilitar os comportamentos adequados da criança.
O livro destina-se a pais de crianças entre os 3 e os 12 anos e poderá também ser usado como acompanhamento da intervenção psicológica junto dos pais. Centra-se também na prevenção dos problemas de comportamento de forma a evitar que estes comecem a "conquistar terreno" nas famílias nas quais ainda não estão presentes.

Do lado do silêncio

" Do lado do silêncio
Gosto de espreitar o teu sono de criança, à noite, quando dormes alheio a tudo, e eu fico a ouvir a tua respiração a alisar os teus cabelos. Às vezes, chego a pensar que é um desperdício ir dormir, em lugar de ficar a ver-te dormir, porque o tempo voa e em breve já não será criança. Nestas noites, como diz a lei, tenho-te à minha «guarda», o que é prazer insubstituível e a que alguns chamam direitos e outros deveres.

Gosto de acordar de manhã, quando, ainda antes do despertador tocar, oiço o som do Canal Panda na sala, e fico a saber que tu já acordaste e que segues à risca o ritual estabelecido, e a que a seguir irás fazer o teu pequeno almoço e vestires-te para a escola. Mas, apesar disso, gosto de te recomendar que faças tudo isso e não te esqueças de lavar os dentes, sabendo que não te esqueces mas também gostas de ouvir-me dizer-to, porque essa é a forma de saberes que te «guardo».

Saímos de casa deixando para trás o desalinho do teu quarto, a desarrumação vivida das tuas coisas, esses sinais indesmentíveis da tua presença, sem os quais a casa não faz sentido e o silêncio pesa como dor escondida. És sempre tu quem carrega no botão do elevador, quem acende as luzes da garagem, numa atenção emergente para a rotina das coisas, que é forma como vais entrando na manhã. E segues num silêncio atento no banco de trás do carro, que interrompes às vezes com alguma pergunta que te ocorre de repente. Vais chegado para a frente, uma mão pousada nas costas do meu banco, como se quisesses prolongar os últimos instantes de proximidade física. Infelizmente, é tão curto o trajecto, que chego a desejar uma camioneta a descarregar na rua que nos atrase uns minutos antes que a manhã nos separe. E embora eu saiba que não há carros à vista quando tu atravessas a rua para a porta da escola, vou contigo de mão dada, para que sintas ou para que eu finja para comigo que continuo a guardar-te até que a porta nos separe e outros fiquem contigo.

Porque há sempre uma porta que se fecha e que nos separa, ao contrário da casa, onde a porta do teu quarto e a do meu estão sempre abertas. Há sempre esta porta que se fecha sobre ti, outros que te falam e te escutam, enquanto eu caminho na tua ausência e na lembrança da tua voz, outros que sabem de ti o que eu ignoro, outros que por vezes se cansam de ti enquanto eu só te espero, outros que te vêem e te tocam enquanto eu olho as tuas fotos espelhadas pela minha vida. Tão perto e tão longe de ti. Tão fundo e tão ausente. Tantas esperanças, tantos projectos, tantos planos. Tantos enganos. Tantos anos, Tantos danos.

Fecho os olhos e sonho. Tu caminhas comigo, de mão dada, num campo onde não há mais ninguém, e procuramos musgo e pinhas.

Há uma gruta num pequeno bosque de que eu finjo não conseguir encontrar a entrada sem ti. É o nosso segredo e lá estamos protegidos do mundo e dos seus males e perigos. Entro por aí contigo. Adormeço e para sempre viverei contigo nesta gruta. E és tu então que me proteges.

( A todos os pais que não se demitiram de o ser e que gostariam de acordar todas as manhãs com os seus filhos e vê-lo adormecer todas as noites e não podem. A todos os machos-homens, vagueando por casas vazias sem ninguém a quem guardar, sem ninguém a queproteger, sem função útil, nestes tempos em que não há tempo a perder. E escrito em mais um Dia Internacional da Mulher, com o seu coro de lamentações e homenagens à mulher e «à sua tripla função de mãe-trabalhadora-dona-de-casa», face à cada vez mais evidente inutilidade social dos homens)."

Miguel Sousa Tavares

terça-feira, junho 02, 2009

REMAX


A Equipa de Intervenção Precoce quer agradecer à REMAX de Reguengos de Monsaraz por ter recolhido junto da população brinquedos, livros, roupas e jogos para oferecer aos nossos meninos.

Em nome das nossas famílias: Muito obrigada.



E ficou a promessa de entregarem mais brinquedos...Upi!

Intervenção Precoce: Um sorriso no Alentejo


A Equipa de Intervenção Precoce de Reguengos de Monsaraz e Núcleo de Mourão, no dia 23 de Junho, pelas 9.30 irá realizar um encontro no Auditório Municipal de Reguengos de Monsaraz




9.30h— Recepção

10.00h—Sessão de Abertura
Manuel Galante — Provedor da S.C.M.R.M.
Vítor Martelo — Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz
Dr.ª Cristina Miranda — Coordenadora Regional da Intervenção Precoce do Alentejo — Administração Regional do Alentejo
Dr. José Verdasca — Direcção Regional de Educação do Alentejo.
Dr. João Canha — Centro Distrital da Segurança Social de Évora
Dr. Fernando Quintas — Mesário da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz

10.30h– Intervenção Precoce no Alentejo
Dr.ª Cristina Miranda — Pediatra - Coordenadora Regional da Intervenção Precoce do Alentejo

11.00h– Pausa para Café

11.15h— Dinâmicas Familiares
Dr.ª Alice Cabral — Técnica de Serviço Social — Centro Distrital da Segurança Social de Évora

11.45h—Apresentação de Caso: O que eu era e o que eu sou...
Dr.ª Cláudia Rocha – Assistente Social / Dr.ª Irini Berketi — Fisioterapeuta / Ana
Paula Rola — Educadora de Infância
Equipa de Intervenção Precoce de Reguengos de Monsaraz — Núcleo de Mourão


12.15h — Espaço para Reflexão

12.30h — Almoço

14.00h— Estudo realizado sobre a Avaliação da Satisfação das famílias apoiadas pelo PIPREM
Dr.ª Carla Duarte — Socióloga
Universidade de Évora

14.30h— Desenvolvimento da Linguagem: Sinais de Alarme
Dr.ª Ana Raquel Brito — Terapeuta da Fala
Equipa de Intervenção Precoce de Reguengos de Monsaraz

15.30h— Slide Show

15.45h— Debate

16.00h— Sessão de Encerramento Conclusivo
Dr.ª Inês Filipe — Direcção Regional de Educação do Alentejo


As inscrições deverão ser enviadas até dia 15 de Junho para a Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz — Equipa de Intervenção Precoce de Reguengos de Monsaraz.
Rua Dr. António José de Almeida, 14 Ap. 61
Reguengos de Monsaraz
A Inscrição poderá também ser realizada através do e-mail da equipa — piprem@gmail.com
Telefone: 266 509 150 969 176 090

segunda-feira, junho 01, 2009

Dia Mundial da Criança


Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Dia Mundial da Criança não é só uma festa onde as crianças ganham presentes.


É um dia em que se pensa nas centenas de crianças que continuam a sofrer de maus tratos, doenças, fome e discriminações (discriminação significa ser-se posto de lado por ser diferente).


Sabias que o primeiro Dia Mundial da Criança foi em 1950?


Tudo começou logo depois da 2ª Guerra Mundial, em 1945.Muitos países da Europa, do Médio Oriente e a China entraram em crise, ou seja, não tinham boas condições de vida.


As crianças desses países viviam muito mal porque não havia comida e os pais estavam mais preocupados em voltar à sua vida normal do que com a educação dos filhos. Alguns nem pais tinham!
Como não tinham dinheiro, muitos pais tiravam os filhos da escola e punham-nos a trabalhar, às vezes durante muitas horas e a fazer coisas muito duras.
Sabias que mais de metade das crianças da Europa não sabia ler nem escrever? E também viviam em péssimas condições para a sua saúde.
Em 1946, um grupo de países da ONU (Organização das Nações Unidas) começou a tentar resolver o problema. Foi assim que nasceu a UNICEF.


Mesmo assim, era difícil trabalhar para as crianças, uma vez que nem todos os países do mundo estavam interessados nos direitos da criança.
Foi então que, em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo.
Este dia foi comemorado pela primeira vez logo a 1 de Junho desse ano!


Com a criação deste dia, os estados-membros das Nações Unidas, reconheceram às crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social o direito a:- afecto, amor e compreensão;- alimentação adequada;- cuidados médicos;- educação gratuita;- protecção contra todas as formas de exploração;- crescer num clima de Paz e Fraternidade universais.


Sabias que em só nove anos depois, em 1959 é que estes direitos das crianças passaram para o papel?
A 20 de Novembro desse ano, várias dezenas de países que fazem parte da ONU aprovaram a "
Declaração dos Direitos da Criança".Trata-se de uma lista de 10 princípios que, se forem cumpridos em todo o lado, podem fazer com que todas crianças do mundo tenham uma vida digna e feliz.
Claro que os Dia Mundial da Criança foi muito importante para os direitos das crianças, mas mesmo assim nem sempre são cumpridos.


Então, quando a "Declaração" fez 30 anos, em 1989, a ONU também aprovou a "Convenção sobre os Direitos da Criança", que é um documento muito completo (e comprido) com um conjunto de leis para protecção dos mais pequenos (tem 54 artigos!). Estão escritos de uma forma mais simples para tu os perceberes melhor.

Esta declaração é tão importante que em 1990 se tornou lei internacional!


Aconselhamento Parental

Como educar uma criança?

Todos os pais passam pela experiência de, em determinadas alturas, não saberem qual a melhor forma de agir com os filhos e com os múltiplos desafios e exigências que isso implica. Mesmo após um primeiro filho, cada novo elemento na família traz mudanças fundamentais ao seio familiar que podem ser vividas com maior ou menor dificuldade. Independentemente dos obstáculos, a verdade é que os filhos não trazem na altura do nascimento um "manual de instruções" que nos permita definir previamente a melhor forma de lidarmos com eles. É uma constante adaptação que tem de ser encarada como uma contínua aprendizagem de todos os intervenientes da família. Cada filho acaba por formar a sua própria individualidade, sendo que isso transcende largamente comportamentos à semelhança dos seus pais e que vão ao encontro das suas expectativas. Uma maior flexibilidade a este respeito permite que se encontre um equilíbrio entre as suas próprias "teorias educacionais" e os objectivos, capacidades e sentimentos da criança.

É importante que os pais tenham noção das diferentes transformações desenvolvimentais por que o filho está a passar, nomeadamente das suas competências e limitações, assim como das tarefas apropriadas a cada fase, para poderem educar o seu filho com tranquilidade mas também com persistência. Esta tarefa constante e diária exige uma combinação de factores pessoais e relacionais que têm de ser suportados por uma estabilidade emocional razoável tanto da figura materna como paterna.

Por vezes, os pais avaliam-se como pouco capazes de transmitir as suas vontades e regras, reforçando a ideia de que os filhos já nasceram com tendência a ser teimosos, irrequietos ou mal comportados e que não há nada a fazer em relação a isso. Outros, relativizam demasiado certos comportamentos, tendo a ideia de que com a idade tudo irá passar e que o problema se resolverá por si só. Também há aqueles que sentem a educação do filho com ansiedade e que pelo contrário valorizam e analisam excessivamente os comportamentos deste e os seus possíveis significados. Educar uma criança exige muita disponibilidade, energia e tolerância às frustrações. No entanto, não nos podemos esquecer que os próprios pais, durante esse longo período de educação, estão igualmente a passar por transformações e também têm de responder a desafios pessoais, profissionais, financeiros, de relação com o cônjuge, entre outros.

A gestão de todos estes processos pode levar à necessidade de procura de aconselhamento de profissionais habilitados a orientar e esclarecer os pais, quanto a possíveis dúvidas ou mesmo dificuldades quanto a diversas questões que surjam na dinâmica familiar e nos comportamentos dos filhos. Este aconselhamento pode ser feito somente com os pais ou, dependendo da problemática, também com sessões individuais com os filhos. Pode não ser necessária uma intervenção terapêutica com os filhos, mas a intervenção com os pais é sempre indispensável, pois são estes que vão ter um papel fundamental na alteração ou adaptação de rotinas e estratégias na educação parental.