sexta-feira, dezembro 05, 2008

Porque dizem palavrões?

Asneiras, parvoíces, disparates, tolices...Deixam-nos envergonhados em qualquer lado.


Quando o seu filho diz, de repente, um palavrão, você fica atónito. A juntar à vergonha, interroga-se “mas onde é que ele aprendeu esta palavra?”. “Porque será que ele usou esta expressão?”. “Será que está a ser mal-educado?”


As crianças...As crianças são autênticos “radares”. Captam não só todos os nossos sentimentos, mas também tudo o que dizemos, por mais distraídas que pareçam. Inclusive alguns pais referem que, “ele estava a brincar, tão absorto, com os carrinhos, que pensei que não estivesse a ouvir”.Mas, estava e “apanhou” exactamente aquilo que não queriam que ouvisse. Porque será?


Na realidade, embora o seu filho possa estar completamente absorto a brincar, normalmente presta atenção ao que você diz e se for um palavrão, acompanhado de toda a carga emotiva que o reforça, mais facilmente o decora.As crianças prestam atenção a todos os tons enfáticos, já que é desta forma que conseguem perceber o estado de espírito dos seus familiares. É assim que o seu filho percebe se você gostou ou não de uma acção que ele realizou: uma asneira é seguida de um tom mais ríspido, enquanto que uma boa acção de um tom mais “doce”.Novo vocabulárioA partir dos três/quatro anos, e devido ao seu desenvolvimento mental, a criança começa a perceber que, cada palavra pode ter um diferente significado, consoante o momento e a forma como é dita. E quem lhe ensina isso? Você! Senão vejamos: ao mudar-lhe a fralda, acompanha a palavra “cocó” com expressões de desagrado.Então, ele começa a perceber que as palavras podem ter uma outra forma de ser entendidas. O mesmo se passa se ele fez alguma coisa bem: você faz-lhe um elogio e mostra um “grande” sorriso, revelador de toda a sua felicidade.Entretanto, a linguagem sofre uma grande alteração, sendo que a criança começa a adquirir novas palavras e a sua capacidade mental começa a estabelecer novos sentidos para cada vocábulo que você utiliza quando lhe fala. Quando isso não acontece, e mesmo que não saiba qual o significado da palavra, você demonstra-lhe “pelas suas expressões ” que esta ou aquela palavra “não é boa”.Chamar a atenção.


As crianças utilizam as palavras que consideram causarem mais perturbação (experimentando) e as que mais ouvem, por exemplo, na escolinha. As principais razões podem ser:

- Demonstrar o seu estado de espírito (se está zangado, aborrecido, etc.)

- Imitar os pais em determinada situação

- Observar a reacção das pessoas que estão à sua volta~

- Demonstrar a sua própria independência em relação aos demais

- Chamar a atenção (especialmente dos pais).


Como agir?A forma como reagir a cada uma destas asneiras, irá condicionar a forma e as vezes que ele a repetirá. Assim, a sua reacção deverá ter em conta a palavra “em si” (o seu grau de gravidade) e as vezes que a repete (uma vez, duas, quatro...).Muito embora as crianças sejam todas diferentes, tal como os “palavrões” que empregam, existem alguns conselhos que pode seguir:


- Se a palavra é inofensiva, o melhor será ignorá-la e, principalmente, não se rir, não contar a situação a outras pessoas na presença da criança e não se mostrar afectada pelo vocábulo empregado. Se o fizer a criança irá assumir que conseguiu o efeito que queria.

- Se a palavra for ofensiva, deve chamar a criança à atenção, de modo a que entenda que ninguém vai reagir e que apenas dirão que ele não está a ser um menino bonito. Lembre-se que o seu filho está a testar a eficácia do termo, pelo que se lhe bater ou se se mostrar demasiado chocada, pode estar a ter uma atitude contrária ao seu objectivo.


Algumas soluções...A melhor forma de lidar com uma criança consiste em oferecer-lhe alternativas que lhe permitam expressar, de outra forma, a sua irritação, aborrecimento ou mesmo a sua raiva. Experimente fazer com ele um jogo de palavras: a cada asneira que ele disser, proponha-lhe utilizar outras palavras, que consigam exprimir o que está a sentir naquele momento.Recorde que, embora existam palavras que consideremos “asneiras”, muitas vezes são tão suaves que mais vale ignorá-las.A lei da compensaçãoSe você castiga o seu filho, quando ele diz asneiras ou palavrões, não o deixando jogar na sua consola ou proibindo que veja na televisão o seu programa preferido, aproveite para o compensar sempre que ele se comporte bem. Utilize o mesmo esquema e deixe-o ver mais uns minutos do seu programa preferido ou dê-lhe um tempinho suplementar para jogar na consola.Quem dá o exemplo são os pais e, por muito que esteja zangada ou “à beira de um ataque de nervos” – algo que uma criança pode conseguir facilmente – nunca utilize insultos para recriminar a criança. E se o comportamento se mantém, e inclusive a criança tem comportamentos agressivos para com os seus pares, não hesite em consultar um especialista.A melhor forma de educar consiste em demonstra-lhe que embora se tenha portado mal, ele continua a merecer todo o seu amor e carinho e que você jamais lhe faltará.



Estrabismo

Para manter uma visão única, é necessária uma coordenação fina dos movimentos oculares de ambos os olhos. Como tal, a qualquer situação patológica responsável por um desvio do normal e perfeito alinhamento ocular dá-se o nome de estrabismo ou tropia.O estrabismo é, portanto, a perda do paralelismo dos olhos que ocorre quando os músculos do olho que ajudam a olhar numa direcção são afectados.
Os dois olhos não olham para o mesmo sítio, um deles olha para o objecto pretendido, o outro desvia-se numa outra direcção. Este desvio pode resultar num grande defeito estético, ou, pelo contrário, pode resultar num defeito que passa facilmente despercebido. Não obstante, qualquer um deles causará os mesmos problemas de visão ao portador da deficiência.Tipos Estes desvios podem dar-se a vários níveis. Se for horizontalmente e para dentro denomina-se estrabismo convergente ou enotropia; se o desvio for horizontal mas para fora existe estrabismo divergente ou exotropia.
Se houver um desvio vertical, quer para cima, quer para baixo, dá-se o nome de estrabismo vertical.O estrabismo convergente é o tipo mais comum da criança, apesar de se desconhecer a sua causa. Mas uma das hipóteses mais plausíveis poderá ser a hipermetropia. O estrabismo divergente tende a ocorrer em crianças mais velhas e é frequentemente intermitente.De acordo com a causa subjacente, o estrabismo também pode ser classificado como paralítico (quando resulta da paralisia dos músculos extra-oculares devido a lesão mecânica ou a lesão dos nervos cranianos que inervam estes músculos - o III, IV e o VI pares cranianos -; ou não paralítico (que se deve a doença hereditária ou a um erro de refracção no olho). Saliente-se que o estrabismo não paralítico (ou concomitante) se inicia geralmente na infância.SintomasEsteja atento(a) caso se aperceba de algum destes sintomas nas crianças:- desvio de um olho, perda do paralelismo dos olhos;- diminuição da acuidade visual de um olho em relação ao outro (olho vago ou ambliopia);- proporções anormais da cabeça, desvios, inclinações e torcicolos;- mau cálculo das distâncias e relevos, perda de visão binocular.A diploplia (visão dupla) ocorre quando o estrabismo tem início na idade adulta. Diante de qualquer dúvida ou apreciação de qualquer destes sintomas, deve consultar-se precocemente o oftalmologista. A precocidade do tratamento é, aliás, uma das melhores formas de evitar consequências mais graves.CausasSão várias as causas desta patologia, algumas já conhecidas.Sabe-se que na origem do estrabismo se encontra uma alteração dos músculos do olho em conjunto com uma má visão. Um olho torce-se porque vê mal e porque vê mal torce-se. Um factor de extrema relevância é o factor hereditário, já que é reconhecida a predisposição hereditária para o estrabismo.A criança que já nasce estrábica tem como causas do seu problema factores como a hereditariedade, o sofrimento fetal, infecções, tumores, traumatismos ou até factores emocionais. Graus diferentes entre os olhos, baixa visão também podem ser outros dos motivos que promovem o estrabismo.Apesar de ser possível a criança até aos seis meses de idade fazer movimentos descoordenados com os olhos, isso não significa automaticamente que sofra de estrabismo. Porém, depois dessa idade, se a criança apresentar sintomas característicos de estrabismo deverá ser levada imediatamente a um oftalmologista.
De referir que quando o estrabismo aparece na idade adulta, poderá indiciar a existência de uma doença grave no cérebro ou no organismo. Entre as causas mais frequentes desta situação encontram-se a hemorragia cerebral, traumatismos, tumores, doenças musculares, problemas de tiróide, pressão alta e paralisia dos músculos dos olhos por causa da diabetes. É importante que o indivíduo que começar a ter visão dupla procure de imediato um oftalmologista para descobrir a causa e aplicar o tratamento adequado.
Tratamento- oftalmologista é o único técnico especializado para avaliar o caso na sua especificidade e indicar qual o melhor processo a seguir. Não obstante, o tratamento pode ser efectuado em três âmbitos:
• óptico – quando se utilizam lentes para corrigir erros de refracção;
• ortóptico – quando o olho saudável é coberto ou obstruído para promover a utilização do olho estrábico;
• cirúrgico – quando se procede à recessão do músculo recto, para auxiliar o alinhamento ocular.Saliente-se que este último tratamento só é utilizado quando o restante tratamento médico não é suficiente e os olhos permanecem desviados. O objectivo é pois fortalecer ou debilitar certos músculos do olho, de forma a obter uma boa visão e evitar que se torçam.
A cirurgia pode incidir sobre vários músculos de um olho ou dos dois olhos, e, por vezes, poderá efectuar-se sem recorrer a anestesia geral, por exemplo, com o uso de "toxinas botulínicas" (toxinas que produzem uma paralisa temporal dos músculos).Para além destas três intervenções é possível ainda realizar exercícios especiais e programas de treino visual para reforçar a visão binocular.PrevençãoPara despiste desta deficiência visual há que proceder à observação e ao acompanhamento precoce de todos os recém-nascidos. Esta necessidade deve-se ao facto de ser nos primeiros meses de vida de uma criança que a função visual e o seu desenvolvimento vão ser determinados.
Este acompanhamento precoce permitirá avaliar as causas associadas ao estrabismo, evitar ou tratar a ambliopia e investigar possíveis patologias oculares associadas (como cataratas, lesões inflamatórias na retina ou lesões tumorais), bem como patologias gerais, principalmente do sistema nervoso central.No caso de estrabismo diagnosticado na infância, a vigilância e o controlo médico devem ser garantidos até à adolescência, ainda que a situação estética seja normal.A própria criança poderá participar activamente no seu tratamento, apreendendo a ser rigorosa no cumprimento do mesmo, sobretudo durante a primeira época das oclusões oculares.

E quando o pai não está?...


Nem tudo na vida é perfeito. Infelizmente. Principalmente quando o pai, seja por motivo de separação da mãe ou por outros acontecimentos, não convive integralmente com o filho.


A representação da figura paterna é fundamental na formação, no desenvolvimento e construção moral, social, emocional e psicológica da criança. Mas os filhos de pais separados ou de mães "solteiras" não são mais problemáticos do que os filhos de pais casados. Algumas vezes, observamos na sociedade uma tendência em rotulá-los, que deve ser evitada.


"Os filhos necessitam em qualquer condição de apoio, de carinho, proteção, companhia, cuidados e limites. É fundamental o papel da família no desenvolvimento da auto-estima dos filhos, pois é nela que desenvolvemos os laços afetivos, influenciando questões relacionadas ao ajustamento e às mais variadas situações", explica a psicóloga Patrícia Camargo.


A figura paterna faz parte da estrutura emocional para nos tornarmos pessoas sadias e maduras. A criança que é criada sem referencial masculino pode tornar-se aversivo às ordens dadas por representantes femininos. Porém isso não quer dizer que crianças criadas somente pela mãe vão ter algum transtorno emocional.
Saiba que crescer numa família sem o pai, cada vez mais comuns nas sociedades modernas, pode ser bem saudável! Como? O pai é o representante dos limites, é o que vem quebrar a simbiose mãe-bebê. No entanto, "a figura do pai" pode ser representada por outras pessoas, mesmo do sexo feminino. Algumas mães conseguem definir limites com muito sucesso.


"O papel materno é um fator essencial nas situações de ausência do pai no desenvolvimento da criança, pois a influência do comportamento materno pode levar a surgir uma maior ou menor predisposição para os conflitos associados à falta do pai", completa a psicóloga.


Alguns cuidados - Para que a "supermãe" obtenha êxito na função também de pai, cabe a ela toda a responsabilidade pela formação infantil - sem estar se queixando do parceiro, evitando brigas na frente da criança, e não usar a criança para se vingar ou ficar falando mal do pai para a criança.
Mesmo assim, proporcione à criança a presença de uma figura masculina: um avô, um tio ou mesmo um amigo confiável, mesmo que o contato seja esporádico. O importante é que haja muito envolvimento afetivo, atenção, carinho e amor.
Como bem lembra Patrícia Camargo: "as ligações de emoção entre pai e filho são formadas nas relações de afeto e cuidado no dia-a-dia, e não com a parte biológica".


Sempre que possível, o pai ou figura paterna deve estar presente na vida dos filhos, acompanhando e participando de atividades cotidianas, fortalecendo assim uma ligação que, quer queiramos ou não, é para sempre.
O pai ocupa um lugar especial na evolução psicológica dos seus filhos, desde antes do seu nascimento. A mãe dever procurar por alguém que possa representar a figura paterna tão importante na vida da criança.


"Essa presença é muito importante para o bom desenvolvimento da criança. Tanto é que na ausência do pai biológico, cabe a mãe administrar a ausência do pai, de forma a não prejudicar sua imagem, tão importante para a formação do caráter da criança".


Bruno Thadeu


Agressividade na infância: até que ponto é normal?

Fragilidade e insegurança. Esses são os dois principais motivos que ocasionam comportamentos agressivos por parte das crianças, podendo resultar em ferimentos nela própria e em outras pessoas. Situações como o nascimento de um novo bebê na família, separação dos pais ou então a perda de algum parente próximo contribuem para a mudança repentina na maneira de agir do filho.
"As crianças são totalmente emocionais e pouco racionais. Por não saberem lidar com alguns sentimentos, podem expressá-las por meio de atos agressivos", explica a especialista em psicologia clínica para crianças e adolescentes, Keila Gonçalves.
Sabe-se, no entanto, que a agressividade não é um traço de personalidade. Se seu filho está agressivo, certamente ele está sendo influenciado pelo cotidiano familiar e, em menor escala, por fatores externos, como a televisão, amizades, entre outros.
Segundo Keila Gonçalves, os pais devem ficar preocupados quando as atitudes perturbadoras se tornam prolongadas. "Algumas vezes, as crianças apresentam uma agressividade não apenas transitória, mas permanente, ou seja, parecem estar sempre provocando situações de briga. Este é o momento de entrar em ação".
Observar muito bem cada atitude e manter o diálogo são os primeiros passos para descobrir a causa o problema. Muitas vezes, o pequeno da família pode estar vivendo situações de conflito, seja em casa ou na escola, que o faça desempenhar algum tipo de papel, agredindo e deixando-se agredir, como conseqüência desta dinâmica em que pode estar inserido.
O comportamento hostil geralmente se origina por inúmeras razões: dificuldade de relacionamento com outras crianças; algum tipo de abuso ou humilhação por parte dos adultos; pais que evitam dizer “não” quando necessário (podendo transformar em uma criança possessiva) ou excesso de cobrança.
Nesses casos, a criança precisa de ajuda, mais do que de punição. Torna-se urgente assisti-la, por meio de muita observação e diálogo, para que se possa interromper esse ciclo de violência. É recomendada a ajuda de um especialista, que orientará os pais sobre a maneira correta de proceder.
Outra medida importante é a relação de cumplicidade entre a família e a escola. Saber sobre o comportamento do seu filho fora de casa e informar a educadora sobre os problemas percebidos podem ser fundamentais. "Muitas vezes, há uma melhora sensível quando a criança percebe que seus pais enxergaram o problema", revela a psicóloga. Como se percebe, o afeto é o caminho mais tranqüilo e menos doloroso para arrancar a tensão de dentro do seu querido. Basta saber usá-lo.
Bruno Thadeu

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