segunda-feira, agosto 28, 2006

uma pequena história...

Cada família pode contar a sua história sobre as suas experiências, algumas anseiam para o fazer, outras nem tanto. Entre essas histórias encontram-se inúmeros testemunhos de raiva e de dor, mas com o passar do tempo e do trabalho que se vai desenvolvendo essa dor e raiva dão lugar a sorrisos e pequenas felicidades.

Mas a relação entre a família e o profissional, no princípio é algo estranho, porque os pais não se sentem à vontade para dar informações sobre si mesmos e sobre as crianças. Precisam de conhecer as pessoas com as quais estão a falar, quais os serviços oferecidos, de que modo esses serviços podem beneficiar as suas crianças e outros membros da família e qual a abordagem utilizada.

Depois de ultrapassada esta barreira, ou seja, à medida que a relação entre a família e o profissional se desenvolve há um maior conhecimento sobre as famílias, e estas começam a confiar em nós e nos nossos serviços, e partilham mais informações pessoais e confidenciais que nos ajuda a construir a história da família. É um processo em que a relação de confiança, sem a qual não é possível trabalhar, leva algum tempo a desenvolver-se.

Por exemplo, uma mãe um dia perguntou-me se eu lhe ia retirar o seu filho! Que só pensava nisso todo o dia, a toda a hora, porque achava estranho o número de vezes que ia à sua casa. Expliquei que o nosso objectivo era ajuda-lá a ter capacidades para cuidar do seu filho, promovendo competências parentais. Quando entendeu qual era o meu trabalho ficou tranquilizada e respondeu-me “Assim já não tenho medo”, com um lindo sorriso estampado no seu rosto. Senti que a partir daquele momento tínhamos estabelecido uma relação empática e que todo o trabalho a efectuar teria mais hipóteses de ser produtivo.


Helena Augusto

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