sexta-feira, setembro 01, 2006

“A intervenção Precoce foi a melhor coisa que entrou na minha casa. Estou muito grata por tudo”


Quando se ouve esta forma de agradecimento tão profundo e tão sincero …faz-se silêncio nos nossos corações e pensa-se… por isto tudo vale a pena… o nosso trabalho, o nosso esforço, a nossa dedicação, a nossa entrega … por este agradecimento esquece-se as portas batidas na cara, as visitas que se fazem que, por vezes, são tão pouco desejadas pelas famílias…pelos sorrisos que se tornam frios.
Vale a pena acreditar que as famílias têm capacidades e competências, para saberem lidar com várias adversidades que surgem ao longo das suas vidas...

Benvindo à Holanda!!


Este texto é dedicado aos pais que estão a descobrir a Holanda

"Histórias para aquecer o coração de mães" de Emily Perl Kingsley:


"Muitas vezes me pedem para contar como criamos uma criança especial, para ajudar as pessoas que não tem essa experiência única a entendê-la. A comparação que sempre me ocorre é a seguinte: esperar um bebé é como planejar a fantástica viagem com que você sempre sonhou para Itália. Você compra um monte de guias e faz planos maravilhosos. O Coliseu. O David de Michelangelo. As gôndolas em Veneza. Você pode aprender frases úteis em italiano. Tudo é uma festa. Depois de meses de expectativa, finalmente chega o dia da viagem. Você entra no avião e algumas horas depois a hospedeira diz: Bem vinda à Holanda. Holanda?! Como assim, Holanda? Você se espanta. Meu voo era para Itália, sonhei a vida inteira em ir para Itália! Mas houve uma mudança no plano de voo. Aterraram na Holanda e este é seu destino agora. O importante é que não te levaram a um lugar horrível e desagradável, cheio de epidemias, fome e doença. É só um lugar diferente. Então você tem que sair e comprar novos guias. E aprender uma língua nova. E conhecer pessoas que você jamais teria conhecido. O ritmo é mais lento que o da Itália; a luz menos brilhante. Mas depois de estar lá por algum tempo toma fôlego, olha em volta... e começa a notar que a Holanda tem moinhos... e a Holanda tem tulipas. A Holanda tem até Rembrandts.Mas todo mundo que você conhece foi e voltou da Itália contando maravilhas do tempo passada lá. Pelo resto da vida você dirá: Era para lá que eu deveria ter ido. Era isso que eu tinha planejado. E a dor do seu coração nunca, nunca mesmo, irá embora completamente... porque, afinal, a perda desse sonho é muito significativa. Mas se você passar a vida inteira lamentando o fato de não ter ido a Itália, talvez não possa descobrir e aproveitar o que existe de tão especial em todas as coisas adoráveis que há na Holanda".

segunda-feira, agosto 28, 2006

uma pequena história...

Cada família pode contar a sua história sobre as suas experiências, algumas anseiam para o fazer, outras nem tanto. Entre essas histórias encontram-se inúmeros testemunhos de raiva e de dor, mas com o passar do tempo e do trabalho que se vai desenvolvendo essa dor e raiva dão lugar a sorrisos e pequenas felicidades.

Mas a relação entre a família e o profissional, no princípio é algo estranho, porque os pais não se sentem à vontade para dar informações sobre si mesmos e sobre as crianças. Precisam de conhecer as pessoas com as quais estão a falar, quais os serviços oferecidos, de que modo esses serviços podem beneficiar as suas crianças e outros membros da família e qual a abordagem utilizada.

Depois de ultrapassada esta barreira, ou seja, à medida que a relação entre a família e o profissional se desenvolve há um maior conhecimento sobre as famílias, e estas começam a confiar em nós e nos nossos serviços, e partilham mais informações pessoais e confidenciais que nos ajuda a construir a história da família. É um processo em que a relação de confiança, sem a qual não é possível trabalhar, leva algum tempo a desenvolver-se.

Por exemplo, uma mãe um dia perguntou-me se eu lhe ia retirar o seu filho! Que só pensava nisso todo o dia, a toda a hora, porque achava estranho o número de vezes que ia à sua casa. Expliquei que o nosso objectivo era ajuda-lá a ter capacidades para cuidar do seu filho, promovendo competências parentais. Quando entendeu qual era o meu trabalho ficou tranquilizada e respondeu-me “Assim já não tenho medo”, com um lindo sorriso estampado no seu rosto. Senti que a partir daquele momento tínhamos estabelecido uma relação empática e que todo o trabalho a efectuar teria mais hipóteses de ser produtivo.


Helena Augusto