quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Mais uma breve história: "Esta é a nossa casa"


Clube de Contadores de Histórias
Projecto: Abrir as portas ao sonho e à reflexão

__________________________________________________________________

Esta é a nossa casa


O George estava dentro da casa.
— Esta casa é minha e ninguém pode entrar nela ─ disse.
— A casa não é tua, George ─ disse a Lindy. ─ Pertence a todos.
— Não, não pertence. Esta casa é só para mim! ─ gritou o George.
A Lindy e a Marly foram até aos baloiços.
— A casa não é do George, pois não? ─ perguntou a Lindy.
— Claro que não ─ respondeu a Marly.
A Lindy e a Marly espreitaram pela janela.
— A casa não é tua, George, e nós vamos entrar.
— Isso é que não vão! Esta casa não é para raparigas.
O Freddie estava a passar por ali com o Rabbity.
— Vou deitar o Rabbity ─ disse.
— Não podes ─ disse o George. ─ Esta casa não é para pessoas pequenas como tu.
O Freddie levou o Rabbity a dar uma volta de carro. A Charlene e a Marlene arranjaram a roda da frente. O Freddie queixou-se:
— O George não nos deixa entrar em casa.
A Charlene, a Marlene, o Freddie e o Rabbity foram direitos à casa.
— Alto aí! ─ gritou o George.
— Vamos arranjar o frigorífico ─ disseram a Charlene e a Marlene.
— Isso é que não vão! Esta casa não é para gémeas.
O jacto do Luther aterrou na casa. O Luther foi lá buscá-lo.
— Onde pensas que vais? ─ perguntou o George.
— O voo 505 despenhou-se e vou socorrer os passageiros. Fogo! Fogo! Ni-nó-ni! Ni-nó-ni!
— Não entras aqui! ─ opôs-se o George.
O Luther pediu auxílio por rádio:
— Dra. Sophie! Dra. Sophie!
— Em que posso ajudá-lo? ─ perguntou a Sophie.
— Não conseguimos chegar ao avião.
— Deixe isso comigo!
A Sophie e o Luther abriram caminho por entre a multidão.
— Abram alas para a médica ─ disse o Luther.
— Vamos entrar ─ anunciou a Sophie.
— Isso é que não vão! Esta casa não é para pessoas que usam óculos.
A Rasheda teve uma ideia:
— Vou escavar um túnel.
Enfiou a cabeça debaixo da casa.
— Vai-te embora. Esta é a minha casa ─ disse o George.
— E este é o meu túnel ─ retorquiu a Rasheda.
— Vai cavar túneis noutro lado. Esta casa não é para pessoas que gostam de túneis.
Ouvia-se agora muito barulho à volta da casa e estava calor. O George queria ir à casa de banho.
— Vou sair de casa ─ anunciou. ─ NINGUÉM PODE ENTRAR ENQUANTO EU ESTIVER AUSENTE.
Mal o George saiu, a Lindy, a Marly, o Freddie, o Rabbity, a Marlene, a Charlene, o Luther, a Sophie e a Rasheda entraram logo na casa. Quando o George voltou não havia lugar para ele.
— Esta casa não é para pessoas de cabelo ruivo ─ disse a Charlene.
O George começou a gritar, a chorar, a bater com os pés e a dar pontapés na parede da casa. Depois parou e pôs-se a olhar. Disse então:
— Esta casa É para pessoas de cabelo ruivo, para raparigas, para pessoas pequenas, para gémeas, para pessoas que usam óculos e para pessoas que gostam de túneis!
— Porque ─ gritaram a Lindy, a Marly, o Freddie, a Marlene, a Charlene, o Luther, a Sophie e a Rasheda ─ ESTA CASA É PARA TODOS!


Michael Rosen
This Is Our House
Massachusetts, Candlewick Press, 1996
Tradução e adaptação