sexta-feira, março 28, 2008

Medos


Medo de fantasmas, de bruxas, do escuro. São esses, entre outros medos e pavores, que surgem na imaginação das crianças e que fazem com que suas noites se tornem um pesadelo. Mas tais medos são normais na fase infantil, pois a criança possui uma imaginação muito forte que faz com que tudo que aprenda ou descubra torne-se real.
Os primeiros sinais de sustos e medos começam por volta dos 7 ou 8 meses, quando os bebês costumam estranhar ambientes e pessoas com as quais não estão acostumados. Já com 2 anos é comum a criança ter medo de ser abandonada pelos pais.
Mas é a partir dos 3 anos de idade, quando sua imaginação está a todo vapor, que aparecem os medos mais intensos e abstratos, como do escuro, de bruxas, fantasmas, monstros e bichos papões. Como resultado do pensamento mágico típico desta idade, todos os tipos de medos tornam-se reais e lógicos na mente da criança.
Freqüentemente os pais ficam confusos e não sabem como lidar com esta situação. Uma boa maneira de auxiliar a criança a vencer seu medo consiste em fazê-la participar da procura de métodos práticos de lidar com a experiência assustadora.
Às vezes, o simples fato de manter acesa uma luz fraca no quarto durante a noite é suficiente para assegurá-la de que não há monstros espreitando no escuro. Outra forma consiste em mostrar o objeto que traz medo à criança numa situação em que ela sinta-se segura. Este tipo de exposição a um modelo, ou seja, a demonstração de que outros não têm medo, pode ser um método efetivo.
A cumplicidade também é um método eficaz: os pais podem ajudar seus filhotes contando que também tinham medos quando eram pequenos. E até mesmo reconhecer que ainda hoje tem alguns medos.
O medo faz parte da vida da criança, embora ela ainda não tenha condições emocionais para enfrentá-lo. Por esta razão, todos os medos de seu filho, alguns absurdos, outros nem tanto, merecem o maior respeito. De nada adianta o adulto fingir que não notou. E nem insistir em dizer que não tem bicho nenhum atrás da cortina ou que fantasmas não existem.
Conversar com a criança sobre o assunto, levá-la a revelar - no meio de uma historinha, por exemplo - o que a deixa assustada, isto sim, pode ajudar bastante. O simples fato de poder compartilhar com alguém querido qualquer experiência vivida traz alívio aos pequeninos. Deixe a criança falar, dividir o peso de suas angústias. Afinal, até os bebês, algumas vezes, se sentem amedrontados, tensos ou angustiados.

Rafaela Rosas

quarta-feira, março 26, 2008

Viciados na chupeta


Alguns bebés começam a chuchar ainda dentro do útero. Não admira por isso que, mais tarde, a chupeta possa tornar-se um objecto indispensável.


Chuchar é um reflexo instintivo. É a forma que os bebés têm de gerir o seu próprio stress. Alguns preferem o dedo, outros a chupeta. Outros nem uma coisa, nem outra. Chuchar não significa, necessariamente, falta de tranquilidade. Muitos bebés que chucham são calmos, "pacíficos", bem adaptados ao ambiente, sem qualquer sintoma de stress mal gerido. No entanto, por ser uma actividade repetida e rítmica, o chuchar desempenha uma função relaxante. As chupetas vieram substituir o dedo. Estimulam o reflexo de sucção e tornam-se um complemento do acto de mamar. Podem funcionar, por isso, como um estímulo afectivo, fazendo com que o bebé se sinta mais seguro e tranquilo. Daí que, em momentos de maior agitação, a chupeta seja, de facto, uma boa aliada dos pais na tentativa de acalmar o bebé.
Mas... Algumas crianças - a maioria, provavelmente - são imediatamente confrontadas com a chupeta, mal acabam de sair da sala de partos. Ainda que muito comum, esta situação pode trazer algumas consequências negativas. Quando um bebé está a adaptar-se ao mamilo da mãe - tarefa que pode demorar uns dias até ser plenamente entendida por ele -, a introdução da chupeta poderá dificultar essa aprendizagem, uma vez que para mamar na chupeta o bebé não precisa de abrir tanto a boca e, se utilizar a mesma técnica com o peito da mãe, vai extrair pouco leite. Ou seja, vai ficar com fome e causar stress na mãe, tudo factores que propiciam a diminuição da saída de leite e o aparecimento de dores e gretas no mamilo da mãe. Por outro lado, o cheiro e a textura da borracha ou silicone podem constituir uma fonte de "baralhação" para a criança, na altura de pegar no peito e dificultar a amamentação. Vários especialistas defendem, então, que o melhor para o bebé é não ser confrontado com a chupeta, pelo menos nos primeiros dias de vida, de modo a que não haja interferências na adaptação à mama da mãe.
Problemas dentários? A chupeta pode trazer alguns problemas no que toca ao desenvolvimento dos maxilares e dentes. Segundo os especialistas em medicina dentária, o uso exagerado da chupeta pode relaxar os músculos labiais, sobrecarregando os músculos das bochechas. Uma situação que pode fazer com que as arcadas dentárias se desenvolvam de forma anormal, em sentido anterior, ou seja, para fora. Isto não é, obviamente, regra para todas as crianças. Muitas utilizam a chupeta durante vários anos e nunca chegam a apresentar problemas deste tipo. O ideal, para que este tipo de situação não se torne irreversível ou difícil de "tratar", é que a criança abandone a chupeta até aos três anos de idade.
Deixar a chupeta Este pode ser um processo difícil, mas se a iniciativa for da criança, sem pressões ou ameaças dos pais, será, seguramente, mais fácil. Ofereça estímulos positivos (por exemplo: "Já estás a ficar crescido. Um dia destes nem precisas da chupeta"), em vez de ameaças, chantagens ou tentativas de "comprar" a vontade da criança.
Chupeta não substitui atenção Quando um bebé é "viciado" na chupeta, esta corre o risco de deixar, com o tempo, de ser um simples objecto calmante. Passa a ser um objecto de consolo. É talvez aí que reside o seu verdadeiro perigo: muitas vezes, a chupeta é vista pelo adulto como a única resposta para o choro da criança. É uma solução rápida, instintiva, que os pais, muitas vezes, apresentam ao filho, sem averiguarem as causas do choro e sem tentarem consolar o bebé com palavras e conforto. Ora, a chupeta não substitui o afecto e a atenção de que o bebé precisa. Não pode ser a solução indistinta para o choro. Se um bebé chora porque lhe falta alguma coisa, porque tem necessidade de afecto, de comida ou outra, é errado resolver sempre o problema oferecendo a chupeta. Só servirá para fazer dele uma pessoa frustrada e derrotista.

Pais e filhos