quarta-feira, março 26, 2008

Viciados na chupeta


Alguns bebés começam a chuchar ainda dentro do útero. Não admira por isso que, mais tarde, a chupeta possa tornar-se um objecto indispensável.


Chuchar é um reflexo instintivo. É a forma que os bebés têm de gerir o seu próprio stress. Alguns preferem o dedo, outros a chupeta. Outros nem uma coisa, nem outra. Chuchar não significa, necessariamente, falta de tranquilidade. Muitos bebés que chucham são calmos, "pacíficos", bem adaptados ao ambiente, sem qualquer sintoma de stress mal gerido. No entanto, por ser uma actividade repetida e rítmica, o chuchar desempenha uma função relaxante. As chupetas vieram substituir o dedo. Estimulam o reflexo de sucção e tornam-se um complemento do acto de mamar. Podem funcionar, por isso, como um estímulo afectivo, fazendo com que o bebé se sinta mais seguro e tranquilo. Daí que, em momentos de maior agitação, a chupeta seja, de facto, uma boa aliada dos pais na tentativa de acalmar o bebé.
Mas... Algumas crianças - a maioria, provavelmente - são imediatamente confrontadas com a chupeta, mal acabam de sair da sala de partos. Ainda que muito comum, esta situação pode trazer algumas consequências negativas. Quando um bebé está a adaptar-se ao mamilo da mãe - tarefa que pode demorar uns dias até ser plenamente entendida por ele -, a introdução da chupeta poderá dificultar essa aprendizagem, uma vez que para mamar na chupeta o bebé não precisa de abrir tanto a boca e, se utilizar a mesma técnica com o peito da mãe, vai extrair pouco leite. Ou seja, vai ficar com fome e causar stress na mãe, tudo factores que propiciam a diminuição da saída de leite e o aparecimento de dores e gretas no mamilo da mãe. Por outro lado, o cheiro e a textura da borracha ou silicone podem constituir uma fonte de "baralhação" para a criança, na altura de pegar no peito e dificultar a amamentação. Vários especialistas defendem, então, que o melhor para o bebé é não ser confrontado com a chupeta, pelo menos nos primeiros dias de vida, de modo a que não haja interferências na adaptação à mama da mãe.
Problemas dentários? A chupeta pode trazer alguns problemas no que toca ao desenvolvimento dos maxilares e dentes. Segundo os especialistas em medicina dentária, o uso exagerado da chupeta pode relaxar os músculos labiais, sobrecarregando os músculos das bochechas. Uma situação que pode fazer com que as arcadas dentárias se desenvolvam de forma anormal, em sentido anterior, ou seja, para fora. Isto não é, obviamente, regra para todas as crianças. Muitas utilizam a chupeta durante vários anos e nunca chegam a apresentar problemas deste tipo. O ideal, para que este tipo de situação não se torne irreversível ou difícil de "tratar", é que a criança abandone a chupeta até aos três anos de idade.
Deixar a chupeta Este pode ser um processo difícil, mas se a iniciativa for da criança, sem pressões ou ameaças dos pais, será, seguramente, mais fácil. Ofereça estímulos positivos (por exemplo: "Já estás a ficar crescido. Um dia destes nem precisas da chupeta"), em vez de ameaças, chantagens ou tentativas de "comprar" a vontade da criança.
Chupeta não substitui atenção Quando um bebé é "viciado" na chupeta, esta corre o risco de deixar, com o tempo, de ser um simples objecto calmante. Passa a ser um objecto de consolo. É talvez aí que reside o seu verdadeiro perigo: muitas vezes, a chupeta é vista pelo adulto como a única resposta para o choro da criança. É uma solução rápida, instintiva, que os pais, muitas vezes, apresentam ao filho, sem averiguarem as causas do choro e sem tentarem consolar o bebé com palavras e conforto. Ora, a chupeta não substitui o afecto e a atenção de que o bebé precisa. Não pode ser a solução indistinta para o choro. Se um bebé chora porque lhe falta alguma coisa, porque tem necessidade de afecto, de comida ou outra, é errado resolver sempre o problema oferecendo a chupeta. Só servirá para fazer dele uma pessoa frustrada e derrotista.

Pais e filhos

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