quarta-feira, novembro 14, 2007

A educação para e na infância

No âmbito das práticas do ensino e educação para a infância, as crianças até aos 6 anos de idade constituem uma faixa etária muito importante, quer devido ao período sensível do processo de maturação biológica por que passam, quer pelo desenvolvimento psicomotor que acontece nesta fase.

Quando a criança alcança os 4 anos de idade já possui cerca de 90% da massa cerebral do adulto. A plasticidade das estruturas cerebrais encontra-se no seu pico nos primeiros anos de vida, evoluindo o cérebro de quantidade para qualidade, ou seja, os circuitos formados por neurónios disponíveis para serem “programados” vão diminuindo, visto que o ser humano está delineado geneticamente para a eliminação de neurónios menos adequados e sinapses.

É assente nesta evidência científica que o PIPREM – Projecto de Intervenção Precoce de Reguengos de Monsaraz e Núcleo de Mourão, com sede na Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz, tem vindo a trabalhar nos seus quase quatro anos de existência, para uma melhor adequação entre as respostas oferecidas pelos meios familiar, educativo e comunitário e as necessidades das crianças dos 0 aos 6 anos de idade dos concelhos de Reguengos de Monsaraz e Mourão, visto que apesar de potenciado organicamente, pouco acontece na criança, em termos de desenvolvimento e aprendizagem, se o meio em que ela se insere não se esforçar por desempenhar um papel activo.

Este trabalho de adequação tem sido feito, essencialmente, de duas formas: por um lado, tem existido uma sensibilização das famílias para a importância de integrar as suas crianças na creche e/ou jardim de infância, visto que estes contextos oferecem, junto de outras crianças, experiências únicas e fundamentais para a aquisição de competências motoras, cognitivas, afectivas, sociais e de relação; por outro lado, os técnicos do PIPREM, frequentemente no domicílio das próprias, têm vindo a capacitar as famílias a responder física, afectiva e educativamente de um modo mais activo, levando-as a perceber o tempo das crianças como um tempo precioso, que não deve ser ignorado, desvalorizado e/ou desperdiçado, sem esquecer que a família é o primeiro espaço de aprendizagem do ser humano, e é com e no seio dela que a criança aprende a andar, falar, brincar, cantar e interagir. Em suma, a pensar o mundo e a pensar-se a si mesma na interacção com o mundo.

Porque quando falamos de desenvolvimento infantil não há tempo a perder, devemos nos esforçar enquanto comunidade para proporcionar espaços e tempos de aprendizagem, na escola, na família e fora delas, estimulantes na diversão, na brincadeira e na novidade, para uma maior e melhor capacidade intelectual, social, afectiva e imaginativa das nossas crianças.

Publicado originalmente no Caderno Especial sobre Educação do Jornal A Palavra de 13 de Novembro de 2007
http://www.portaldereguengos.com

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